Cris Lima
O desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro em 1989 prometia ser parecido com os dos anos anteriores. Mas quando a União da Ilha do Governador entrou no sambódromo carioca, um dos seus componentes começou a fazer história. Enoli Lara, então com 39 anos, apareceu no alto de um carro alegórico como Afrodite, a deusa do amor. Nada de especial, não fosse sua fantasia: um detalhe na cabeça, sandálias, véu cor de rosa transparente e, por baixo, nada. Ela estava totalmente nua na Marquês de Sapucaí. A ousadia fez com que a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio incluísse no regulamento um artigo proibindo a "exibição da genitália desnuda".
Ganhou uma ação de US$ 40 mil dólares depois que a Rede Globo de televisão,juntamente com uma campanha do Banerj na època exibiu seu bumbum, na praia, sem sua permissão Em 1989, ela iniciou um processo por uso indevido da imagem abrindo, segundo ela, "um precedente nos anais da jurisprudência brasileira."
Depois disso, já saíram três livros sobre o assunto. Em todas as aulas sobre uso indevido de imagem nos cursos de direito, eu sou tema. Foi uma vitória não só para as mulheres, mas para seus respectivos bumbuns.
A partir daí, Enoli, que acabara de se separar do escultor Edgar Duvivier, tornou-se também modelo e celebridade.
Fez história na revista Playboy com um dos videos mais vendidos.
Lançou um CD onde gravou o som do orgasmo, nos mais diversos idiomas.
Gritos e sussurros que foram acompanhados por instrumentos de percussão como atabaque e agogô.
E Finalmente lançou em grande estilo sua autobiografia, "Trilogia do prazer: carnaval, futebol e sexo" durante a Semana Santa. Afinal, sou uma santa transgressora,afirma essa linda mulher de corpo alma e espirito...
Enoli diz que ainda quer encerrar sua história com a Sapucaí. "A Monique Evans e a Luma de Oliveira anunciaram que iriam parar, eu não. Ainda quero me despedir da Avenida quem sabe ano que vem", promete a ex-modelo, Que hoje é madrinha do grupo" AS PRETAS DO FUNK",passistas de escolas famosas com corpos esculturais que decidiram cantar funk e sambar.
Enoli que agora ja tem suas sucessoras quer fazer um pancadão para entrar nas favelas e usar como educação sexual, para mostrar que o sexo é maravilhoso. Fui pioneira, nos anos 90 distribuí camisinha na Sapucaí", recorda.
Aos 60 anos Enoli garante que a única plástica que fez foi uma prótese nos seios, há 10 anos. "Tenho medo de Botox. No tempo que posava nua, não tinha retoque", diz ela, que já planeja um próximo livro de contos eróticos casado com CD. "Será a ‘Voz da Bola’, só sobre futebol.
